Mohamed, o Conquistador

Mohamed, o Conquistador, Triunfa no Portão da Pérola do Oriente: A Cristã Constantinopla Cai nas Mãos dos Islâmicos Turcos Otomanos.

A pintura de Fausto Zonaro retrata a queda de Bizâncio (Constantinopla), em 1453, para o sultão Mohamed II. Esse evento constitui um dos maiores marcos da História do Homem. A milenar e resplandecente Constantinopla, fundada em 1º de maio de 330 pelo imperador romano Constantino, tem seu fim cristão prenunciado pelos rugidos das Grã-bombardas do sultão.

A conquista de Constantinopla foi algo tão repleto de simbolismo que selou a Idade Média, dando início à Idade Moderna (1453-1789). Sua tomada “fechou” as rotas europeias de comércio com o Oriente, imprimindo maior pressão às grandes navegações. Também aqueceu o que viria a ser o Renascimento – ao impor a fuga de intelectuais bizantinos e gregos para a Europa ocidental.

Em 1449, quando Constantino XI subiu no trono do Império Bizantino, ele percebeu que seu império enfrentaria tempos difíceis. A cidade estava militarmente enfraquecida há séculos. Tentou criar alianças, mas seus esforços foram em vão. A Europa se recuperava da Peste Negra (que teria dizimado até um terço da sua população) e a Guerra dos Cem Anos ainda persistia. Buscou socorro em Roma, mas, devido ao conturbado Cisma, os apostólicos negaram ajuda aos ortodoxos. Os turcos também haviam feito acordos com os húngaros e venezianos que negaram aliança à Constantinopla. A França apenas lhe ofereceu asilo no caso de derrota. O único apoio encontrado por Constantino foi o de um pequeno grupo de mercenários venezianos e genoveses liderados por Giovanni Giustiniani.

Diferentemente dos bizantinos, os turcos otomanos estavam em plena ascensão e marchavam em furiosa campanha expansionista há mais de um século. Liderados por Mohamed II (“Mohamed, o Conquistador”, para os otomanos), existia um exército bem disciplinado com ao menos 80 mil soldados (algumas fontes dizem até 200 mil).

Os turcos também estavam graduados em um nível superior à guerra europeia: dispunham de um razoável número de armas de fogo portáveis nas mãos dos seus janízaros (elite do exército e guarda pessoal do sultão) e o mais aterrador para os defensores de Bizâncio: a maior artilharia que os decadentes castelos e muralhas europeias já tinham visto: a colossal Grã-bombarda Real. [ver foto]

O resultado da escaramuça foi trágico para os bizantinos. A histórica cidade resistiu atrás de suas muralhas durante algum tempo, mas cedeu. Quando o líder mercenário (Giustiniani) que comandava a defesa foi gravemente ferido por uma flecha (alguns indicam uma rocha), o moral dos demais mercenários caiu por terra fragilizando a defesa, ao passo que os turcos também descobriram uma brecha no lado noroeste da muralha. O desespero tomou conta da cidade. Constantino XI teria morrido nesse dia, o último de luta (alguns dizem que lutando heroicamente, outros que fora assassinado ou, ainda, pisoteado pelos próprios bizantinos em desespero).

No final da manhã de 29 de maio de 1453, o Sultão Mohamed II triunfou com seus janízaros em Bizâncio, oferecendo os tradicionais três dias de saques. Em um ato extremamente simbólico: Mohamed II consagrou a Catedral de Santa Sofia, o grande símbolo cristão de Constantinopla, como uma mesquita. Foi o fim do último resquício existente do Império Romano.

Texto: Eudes Bezerra.
Administração Imagens Históricas.

Pintura: Mohamed II Entrando em Constantinopla, Fausto Zonaro, data desconhecida.